Dados do Trabalho
Título
MANEJO OBSTÉTRICO DE PRIMIGESTA COM SÍNDROME DE BALLANTYNE ASSOCIADA À MALFORMAÇÃO ADENOMATOIDE CÍSTICA FETAL, UM RELATO DE CASO.
Objetivos
A Síndrome de Ballantyne, descrita em 1892 por John William Ballantyne, relaciona edema materno, edema placentário e hidropsia fetal. Pode estar associada a gestações gemelares, isoimunização, síndrome de transfusão feto-fetal, infecções virais, malformações fetais e tumores fetais e placentários, afetando principalmente gestantes entre 16-34 semanas, com incidência de 1:3000, elevadas taxas de morbidade materna, mortalidade fetal e óbito intrauterino (até 56%). São achados adicionais: aumento da pressão arterial materna, ganho de peso rápido e proteinúria. Este relato de caso destaca as implicações da síndrome e a conduta obstétrica em situações específicas.
Descrição do Caso
Primigesta, 29 semanas, referiu perda de líquido há 3 horas, aumento de peso importante e pressão arterial elevada há três dias. Ao exame físico, 150x90mmHg, fundo uterino de 35cm, contrações uterinas presentes, edema de membros inferiores 3+/4+, dilatação cervical de 5cm, membranas ovulares rotas com saída de líquido claro, cefálico, plano de De Lee 0, frequência cardíaca fetal 145bpm. Em acompanhamento pré-natal de alto risco devido malformação fetal adenomatoide cística tipo III. À ultrassonografia obstétrica, volumosa massa hiperecogênica torácica, desvio do eixo cardíaco, hidropsia e polidrâmnio. Adicionalmente, elevado Congenital Pulmonary Airway Malformation Volume Ratio (6,71) determinando prognóstico fetal desfavorável. Tipagem sanguínea O+ e sorologias maternas negativas. Administrado Sulfato de Magnésio endovenoso objetivando neuroproteção fetal devido a prematuridade, monitorização materna e cardiotocografia contínua demonstrando vitalidade fetal preservada. Evoluiu para parto vaginal em 2h, com nascimento de feto vivo, masculino, 2320g, APGAR 2/4/5. Apesar de ofertado suporte intensivo, ocorreu óbito neonatal após 1h.
Diagnóstico e Discussão
Diversas terapias são propostas em literatura médica, entretanto, não resolvem a causa da síndrome. Opções incluem transfusão sanguínea materna ou fetal, ablação placentária a laser, shunts toracoamnióticos, indução do parto vaginal, interrupção da gestação por cesariana, feticídio e medicações anti-hipertensivas/diuréticas.
Considerações Finais ou Conclusões
Discutir casos raros, como a Síndrome de Ballantyne, permite analisar a apresentação clínica e imaginológica, bem como o manejo materno-fetal. Apesar do prognóstico fetal desafiador, a monitorização da vitalidade fetal permitiu o parto vaginal, visando melhorar o prognóstico e a saúde reprodutiva materna. Ademais, destaca-se que malformações fetais não compreendem indicações absolutas de cesarianas, devendo-se considerar o prognóstico fetal e consequências do parto cirúrgico para a gestante.
Palavras Chave
Malformação Adenomatoide Cística Congênita do Pulmão
Hidropisia Fetal
Hipertensão Induzida pela Gravidez
Parto Normal
Arquivos
Área
USG em Ginecologia e Obstetrícia
Instituições
Hospital da Mulher - São Paulo - Brasil, Universidade Federal de São Paulo - São Paulo - Brasil
Autores
João Victor Jacomele Caldas, Emerson Lucas Frazão Souza, Gabriella Galdino Vilela Dourado, Michele Queiroz Balech, Gabriela Alvarez Sabbag, Brígida Maciel Nunes