Dados do Trabalho
Título
DACRIOCISTOCELE CONGÊNITA BILATERAL COM RESOLUÇÃO ESPONTÂNEA – RELATO DE CASO
Objetivos
Dacriocistocele congênita (DC) apresenta-se como raro cisto periorbital que exibe alta resolução espontânea. Entretanto, malformações graves são diagnósticos diferenciais.
Objetivo: Relatar caso diagnosticado e apresentar dados de revisão da literatura.
Descrição do Caso
Primigesta, 20 anos, 27 semanas de idade gestacional (IG), gravidez única, bem datada, evidenciou-se à ultrassonografia bidimensional, com varredura parassagital, axial e coronal, incluindo ângulo medial das órbitas e do nariz (AMON), imagem cística, bilateral, inferomedial às orbitas, avascular ao Doppler. Achados confirmados por aquisição tridimensional multiplanar e renderizada. Morfobiometria: feto feminino, crescimento adequado para IG, apresentando dacriocistocele bilateral, sem associação a outras anomalias acusticamente detectáveis. Houve resolução espontânea na gestação. Parto vaginal: IG 37 semanas+5 dias, boas condições respiratórias, pesando 3.725g, sem alterações detectáveis ao exame físico.
Diagnóstico e Discussão
A dacriocistocele é uma anomalia congênita orbital medial, por obstrução distal e proximal da via lacrimal (ao nível das válvulas de Hasner e Rosenmüller, respectivamente), com subsequente dilatação do saco lacrimal; lesão cística, tensa, avascular, anecóica/hipoecóica, inferomedialmente ao olho, evidenciada ecograficamente em varreduras incluindo AMON. Incidência de 0,016% a 0,43%; 70,7% a 59% unilaterais; 54% feminino; 8% com intervenção cirúrgica neonatal; 10,7% associados a anomalias estruturais. O diagnóstico diferencial inclui teratomas císticos, hemangiomas (origem cutânea, localização cranial/cervical, sólido/septado, padrão Doppler peculiar), encefalocele anterior (na linha média, com defeito ósseo e hidrocefalia, diferenciação dificultada quando unilateral), cistos dermóides (localização superolateral à órbita, ecotextura heterogênea: áreas hiperecogênicas, às vezes com calcificação), glioma nasal, lesões sólidas raras (linfangioma, neurofibromatose, rabdomiossarcoma) e outras lesões periorbitais. Tamanho, localização, ecotextura, aspecto ao Doppler e tempo de aparecimento são características importantes para diagnóstico ultrassonográfico, que pode ser complementado/ratificado pela avaliação 3D+multiplanar+renderização. DC geralmente se resolve espontaneamente na gestação, todavia, persistindo, pode desencadear desconforto respiratório, epífora, conjuntivite, celulite e obstrução das vias aéreas (especialmente, se bilateral com extensão intranasal), requerendo intervenção cirúrgica, ressaltando ser o diagnóstico obstétrico de suma importância.
Considerações Finais ou Conclusões
O adequado diagnóstico de DC é importante pois pode coexistir com anomalias adicionais, é fundamental no aconselhamento e manejo das potenciais complicações e para evitar técnicas adicionais de diagnóstico pós-natal.
Palavras Chave
dacriocistocele congênita, anomalia ocular fetal, diagnóstico pré-natal, ultrassonografia obstétrica.
Arquivos
Área
USG em Ginecologia e Obstetrícia
Instituições
NEXUS Núcleo de Excelência em Ensino Médico - Distrito Federal - Brasil
Autores
Andrea Palmeira Kavamoto, Emanuele Soema Santana Lessa, Fermanda Cardia Martins Ribeiro, Gabriela Kirschner, Lucia Pedroso Barbosa, Evaldo Trajano